Uma carta enviada...


No meu mail pessoal guardo, em uma pasta, algumas coisas que recebo no dia-a-dia. E mexendo em uma dessas pastas, encontrei um texto. Na verdade, é uma carta que foi escrita por uma mulher para o ex-marido. A carta é verídica e foi enviada a ele no dia em que os dois assinaram a separação. Isso aconteceu ano passado e lembro que quando eu li, fiquei bastante emocionada e me fez refletir sobre as relações de um modo geral. E, mais uma vez, tive a certeza de que não vale a pena forçar a barra pra nada e que mais vale deixar tudo acontecer naturalmente, do que ‘usar’ de artifícios no auge da paixão e do desespero pra tentar fazer com que a pessoa fique com a gente a todo custo. Algumas pessoas engravidam, outras usam de uma doença, fragilidade, alguma incapacidade pra convencer o outro a ficar. Pq o tempo faz com que diferenças, monotonias, defeitos pesem e a relação chegue ao fim. E no fim de qualquer relação, alguém sempre sai ferrado dela. Penso que algumas paixões, alguns sentimentos se tornam inevitáveis, eu acredito nisso. Vc pode até recusar hoje, mas daqui algum tempo, possa ser que vc não resista, ou simplesmente não queira resistir. Mas independente disso, relações podem ter prazo de validade, quando elas não deveriam nem ter começado. Não sei pq, mas toda vez que leio essa carta tenho vontade de chorar... Se tiverem tempo, não deixem de ler. E que sejam bem-vindas as relações duradouras!


A carta... Em Julho de 2008

“Eu escrevi ontem, assim que cheguei da sua casa. No sabor das
emoções e como uma forma de desabafo... É o primeiro e último e-mail desde que nos separamos.

Antes de tudo, me desculpe por não ter conseguido te fazer feliz. Juro
que tentei... Tentei com todas as minhas forças. Achava que o amor que eu sentia por você, que era enorme, fosse suficiente pra te fazer gostar de mim também e fazer você se sentir bem ao meu lado. Mas agora vejo que não foi assim. Pelo contrário. Hoje sei que meu amor por você, na verdade, te sufocava. De certa forma eu sabia que algo te incomodava no nosso relacionamento, mas eu não sabia o que era e me iludia, achando que fosse passar, e que você acordaria um dia e se veria apaixonado por mim também.

Apesar disso, eu fui feliz, muito feliz nesses 8 anos. Feliz como nunca
fui a minha vida inteira. Gostava de você, do seu jeito, do seu estilo de vida, do seu bom gosto, dos seus gestos, do seu sorriso de menino. Gostava de ficar perto de você e me sentia protegida por você. Mesmo você tendo sempre esse ar distante e introspectivo, sentia uma coisa boa em você, e que me fazia bem estar perto. E longe de você eu ficava mal. Talvez fosse por isso que, apesar de sempre te cobrar mais 'entrega na relação', eu insistia pra ficarmos juntos, pois era ao seu lado que eu me sentia bem. Mas não consegui, não é mesmo? Perdi...

Perdi você e deixei escapar nossa vida juntos... Sobraram-me, além
da tristeza da separação, uma sensação de incompetência do tamanho do mundo e uma interrogação enorme na minha cabeça: Por que não consegui fazer esse homem me amar de verdade, o que faltou? Talvez eu nunca encontre essa resposta... Talvez porque ela não exista... Sei que uma hora ou outra vou parar de fazer essa pergunta a mim mesma. O tempo é o senhor da razão, cura feridas, apaga memórias. Até a perda da minha mãe, essa sim a pessoa que eu mais amava no mundo, o tempo amenizou. Essa é a palavra: amenizar. Sei que o tempo vai amenizar isso tudo que estou sentindo agora. Essa sensação de derrota, de fracasso, de incompetência, de perda, de falta de perspectiva para o futuro, de desconfiança de tudo e de todos que se aproximam de mim, de solidão... Enfim, falta de você.

Não te culpo por nada, não. Muito menos tenho raiva ou algum
ressentimento. Você sempre foi muito honesto comigo, eu que nunca quis entender de verdade o que você dizia e forcei muitas vezes a barra. Mas também não me arrependo nem um milímetro de tudo que fiz. Sei que fiz na tentativa, às vezes desesperada, de te mostrar o tamanho do meu amor que, de tão grande, pensei ser suficiente para dividir pra nós dois...

Fui feliz cada dia que passamos juntos. E foram muitos dias lindos...
Uns felizes de verdade, outros nem tanto, mas que me enchiam de esperança de que éramos realmente feitos e perfeitos um para o outro. Mas tudo era mesmo meio contraditório pra mim, pq no fundo sei que você nunca me aceitou como sou: separada, com filho, com um pai doido, com uma mãe dependente, com um irmão problemático, uma família maluquinha, gordinha, carente, etc, etc, etc. Acho que também é isso. Você nunca me aceitou como um todo, mas ninguém no mundo existe sem família e seus problemas, mas você nunca conseguiu superar essas barreiras e me amar de verdade.

Mas Deus é grande e um dia você vai achar o seu Par Perfeito, um
amor perfeito. Alguém pela qual você vai 'cair de quatro', babar e fazer todas as vontades. É inevitável, querido. Todo mundo passa por isso um dia. A minha vez já foi. A sua vai chegar. Aí, talvez, você consiga compreender a dimensão do meu amor por você. Vou rezar, de verdade, pra você achar uma outra pessoa que te ame assim como te amei e que você também corresponda da mesma forma e com a mesma intensidade. Eu desejo e quero que você seja muito, mas muito feliz. Feliz da maneira que eu queria te fazer, mas não consegui. Você merece!

Obrigada por todos esses anos. Pelos dias e noites que passamos
juntos, pelos passeios, pelos chopps, pelas viagens, pelos presentes, pelo apoio nos momentos de difícil decisão. Obrigada por você ter estado ao meu lado nos dias mais tristes e mais difíceis que vivi na minha vida. Eu só tenho a te agradecer. Por tudo. Em mim você tem uma amiga e uma pessoa que dará sempre o sangue se for preciso pra te ver bem e feliz.

Essa tristeza que sinto agora vai passar... E aí talvez fique mais fácil
pra eu entender tudo que aconteceu e está acontecendo... E até o por que aconteceu. Amo você incondicionalmente pra sempre, na medida que o tempo permita diluir o amor até virar fumaça e uma boa lembrança. Amo sua família que me acolheu, em especial sua mãe, sempre tão carinhosa comigo... E sua irmã agora mais que minha ex-cunhada, minha amiga.

Continuo aqui do lado. Não sei até quando. Precisando de mim, é só
pedir. E espero de você a mesma coisa. Vou tentar, como você sugeriu, tocar minha vida. De uma maneira ou de outra vou ter de tocar mesmo. Amo muito viver e não vou desistir de ser feliz...

Um beijo carinhoso de coração, ainda magoado, doído e apertado,
mas vai passar...

Fique bem...”


Texto: autor não declarado
Foto: retirada da web


Beijos a todos!

Meg
16/10/2009
Às 1h13min